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Boa adaptação do arara na cafeicultura de montanha e maior sensibilidade à falta de magnésio


A cultivar de cafeeiros arara tem mostrado boa adaptação à cafeicultura de montanha, com altas produtividades e resistência à ferrugem. No entanto, apresenta mais sensibilidade, com sintomas foliares visíveis à deficiência de magnésio.

No Brasil, a cafeicultura de montanha se concentra nas regiões da Zona da Mata de Minas Gerais e Sul do Espírito Santo. Nessas regiões são cultivados cerca de 530 mil há de lavouras de cafeeiros arábica.

A variedade mais cultivada, tradicional, na cafeicultura de montanha, introduzida pelo Plano de Renovação de Cafezais a partir de 1970, é a catuaí, que mostra várias características adequadas ao cultivo nessa região, tais como a boa capacidade produtiva e o porte baixo das plantas. Porém, os cafeeiros dessa cultivar são susceptíveis à ferrugem, doença muito grave na região e com o controle químico dificultado pela topografia acidentada das áreas.

O objetivo desta nota técnica é relatar as condições de adaptação da cultivar arara na cafeicultura de montanha, visando seu cultivo em maior escala e recomendando o melhor manejo das lavouras. Para isso, foram efetuadas visitas e avaliações, em propriedades na região, em lavouras com diferentes microclimas, mais secos ou úmidos, e em diferentes altitudes.

As observações foram efetuadas ao longo dos últimos 6 anos, em dezenas de lotes de lavouras que vêm sendo implantados na Zona da Mata de Minas e no Sul do Espírito Santo, entre altitudes de 600 a 1.000 m. As verificações efetuadas neste trabalho mostraram que a cultivar aara, conforme já observado em resultados de pesquisa na região (ver tabela 1), apresenta alta produtividade. Na figura 1, podem ser visualizados cafeeiros mostrando boa frutificação na primeira safra, em área de montanha no Espírito Santo.

As plantas apresentam maturação mais tardia, porém, nas altitudes na faixa de 700-800 m, predominantes na região, chegam com frutos maduros em junho, sem problemas de atrasos maiores na sua colheita. Verificou-se que os cafeeiros se mostram altamente resistentes à ferrugem e, assim, as plantas, mesmo bem carregadas, pouco desfolham, ao contrário, apresentam bom crescimento de novos nós na extremidade de ramos produtivos, indicando potencial para a safra seguinte. Na época do início da maturação dos frutos, a folhagem fica amarelada, provavelmente pela translocação e concentração das reservas, das folhas para os frutos. Porém, com a retomada do período chuvoso, a folhagem, que aparecia anormalmente amarelada, retoma sua coloração verde normal.

Observou-se, ainda, que em regiões de altitude muito elevadas, de mais de 1.000 m, ou em áreas de inverno muito úmido, deve-se verificar, em cada caso, dependendo do espaçamento e face onde se encontra a lavoura, a indicação de reduzir as doses de N nas adubações para promover maior indução floral, visto que os cafeeiros da cultivar arara ficam muito enfolhados e a planta fica bem compacta, o que dificulta a entrada de luz.

Uma característica diferente observada nos cafeeiros da cultivar arara tem sido sua maior sensibilidade à carência de magnésio, mostrando, mais claramente, os sintomas típicos dessa deficiência nutricional na folhagem. Nota-se, nos ramos com carga, as folhas velhas com faixas amareladas entre nervuras, estas permanecendo verdes. Na evolução dos sintomas, ocorre, também, a seca de ponteiros, dos ramos produtivos. Essa maior evidência da falta de magnésio está ligada, provavelmente, à origem dos cruzamentos da cultivar arara, que tem herança de dois híbridos de robusta, o híbrido de timor e o icatu. Sabe-se que os cafeeiros robusta são mais sensíveis à deficiência de magnésio e os icatus também apresentam esse comportamento.

Pelas observações efetuadas, conclui-se que: 1- a cultivar arara apresenta características adequadas à cafeicultura de montanha, destacando-se sua alta produtividade e resistência à ferrugem; 2- devem ser observados cuidados especiais na nutrição, usando doses adequadas de N nas regiões mais frias e úmidas e acompanhando os teores de Mg no solo e foliar, visando a correção preventiva no nível desse nutriente.

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

Fonte: CaféPoint

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